No Domingo da Misericórdia (19 abril), o papa Francisco, na sua homilia, incentivou a que se «prepare o amanhã de todos, sem descartar ninguém».

 

Referindo-se à situação que o mundo atravessa devido à pandemia de covid-19, Francisco foi claro e incisivo sobre o lugar dos mais frágeis, que não podem ser discriminados, nem descartados. Temos de pensar num amanhã muito mais inclusivo e justo. Eis uns excertos da homilia:

 

A misericórdia não abandona quem fica para trás. Agora, enquanto pensamos numa recuperação lenta e penosa da pandemia, é precisamente este perigo que se insinua: esquecer quem ficou para trás. O risco é que nos atinja um vírus ainda pior: o da indiferença egoísta. Transmite-se a partir da ideia que a vida melhora se vai melhor para mim, que tudo correrá bem se correr bem para mim. Começando daqui, chega-se a seleccionar as pessoas, a descartar os pobres, a imolar no altar do progresso quem fica para trás. Esta pandemia, porém, lembra-nos que não há diferenças nem fronteiras entre aqueles que sofrem. Somos todos frágeis, todos iguais, todos preciosos. Oxalá mexa connosco, dentro de nós, o que está a acontecer: é tempo de remover as desigualdades, sanar a injustiça que mina pela raiz a saúde da humanidade inteira! Aprendamos com a comunidade cristã primitiva, que recebera misericórdia e vivia usando de misericórdia, como descreve o livro dos Actos dos Apóstolos: os crentes «possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um» (At 2, 44-45). Isto não é ideologia; é cristianismo.

 

[…] Naquela comunidade, depois da ressurreição de Jesus, apenas um ficara para trás e os outros esperaram por ele. Hoje parece dar-se o contrário: uma pequena parte da humanidade avançou, enquanto a maioria ficou para trás.

 

[…] Aproveitemos esta prova como uma oportunidade para preparar o amanhã de todos, sem descartar ninguém. De todos. Porque, sem uma visão de conjunto, não haverá futuro para ninguém. […] E usemos de misericórdia para com os mais frágeis: só assim reconstruiremos um mundo novo.

 

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