“Sementes de paz e esperança” é o mote escolhido ainda pelo papa Francisco para o Dia de Oração pelo Cuidado da Criação, que dá início ao Tempo da Criação (1set.-4out.).

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Na sua mensagem para esse dia, Leão XIV lembra que estamos a viver o Jubileu da Esperança – somos “peregrinos de esperança” –, o que dá ainda mais sentido à nossa oração e nos desafia a tirar consequências. Assim, o Papa aponta, por um lado, a força da semente que morre para dar fruto e, por outro, a profecia de Isaías, que anuncia que o deserto inóspito se tornará um lugar aprazível e na terra prevalecerão o direito e a justiça, que geram a paz.
No Tempo da Criação – cujo tema este ano é Paz com a Criação –, as palavras proféticas devem ser secundadas por ações concretas que mostrem a “carícia de Deus” no mundo (cf. Laudato si’, 84).
Mas os maus tratos infligidos ao mundo não param e a nossa casa comum «está a cair na ruína», diz Leão XIV, que especifica:
Por todo o lado, a injustiça, a violação do direito internacional e dos direitos dos povos, a desigualdade e a ganância provocam a desflorestação, a poluição, a perda de biodiversidade. Os fenómenos naturais extremos, causados pelas alterações climáticas provocadas pelo homem, estão a aumentar de intensidade e frequência (cf. Laudate Deum, 5), sem ter em conta os efeitos, a médio e longo prazo, de devastação humana e ecológica provocada pelos conflitos armados.
Parece ainda haver uma falta de consciência de que a destruição da natureza não afeta todos da mesma forma: espezinhar a justiça e a paz significa atingir principalmente os mais pobres, os marginalizados, os excluídos.
Tudo isto está bem longe do plano do Criador, que confiou a Terra ao homem criado à sua imagem (cf. Gn 1, 24-29), para que a cultivasse e guardasse, numa «relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza» (LS 67), e solidária com as gerações futuras. O Papa é incisivo nesta mensagem, não deixando espaço para rodeios:
Trata-se verdadeiramente de uma questão de justiça social, económica e antropológica. Para os que creem em Deus, além disso, é uma exigência teológica, que para os cristãos tem o rosto de Jesus Cristo, em quem tudo foi criado e redimido. Num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das alterações climáticas, da desflorestação e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade.
Leão XIV reitera o apelo do seu antecessor a que das palavras se passe a ações concretas e diz: «Com dedicação e ternura, muitas sementes de justiça podem germinar, contribuindo para a paz e a esperança.» Lembra ainda o projeto Borgo Laudato si’, que o papa Francisco deixou em Castel Gandolfo, para ser um exemplo de como se pode viver, trabalhar e fazer comunidade aplicando os princípios da encíclica Laudato Si’. E termina desejando que a ecologia integral seja cada vez mais escolhida e partilhada como caminho a seguir.
A mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, a 1 de setembro de 2025, pode ser lida na íntegra aqui.