Ao longo do Tempo da Criação, a partir do evangelho de cada domingo, temos uma proposta de reflexão do P. José Manuel Pereira de Almeida, prior da paróquia de Santa Isabel, em Lisboa.

 

Tempo da Criação

 

1 setembro: Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação

4 outubro: Dia de S. Francisco de Assis

 

 

Domingo, 1 setembro 2024

Mc 7, 1-8.14-15.21-23

Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim.

Quando é que o nosso «coração está longe» do Senhor?

Todas as vezes em que nos deixamos prender a rotinas impensadas sem nos questionarmos acerca do sentido do que fazemos?

O nosso coração está longe do Senhor quando não pomos os dons que recebemos ao serviço de todos; quando não cuidamos da Criação com gestos responsáveis e inovadores; quando desistimos de viver na Esperança de que «as coisas podem mudar» (Laudato si’, 13).

 

Domingo, 8 setembro

Mc 7, 31-37

Erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Efatá», que quer dizer «Abre-te».

É diante de ti, Jesus, que também nós nos encontramos. Abre os nossos olhos e os nossos ouvidos para podermos contemplar a Criação de que fazemos parte; abre a nossa boca em cânticos de júbilo por podermos agir de tal forma que sejamos protagonistas no cuidar da Terra e no defender a Vida (cf. Laudato si’, 232)

 

Domingo, 15 setembro

Mc 8, 27-35

Se alguém quiser seguir-Me […].

Para te seguir, Senhor, vou, primeiro que tudo, levantar-me. Podia já tê-lo feito, é verdade, mas é verdade que também hoje é um belo dia para o fazer, para não adiar mais esta decisão. E hei-de saber pôr os meus pés nas tuas pegadas. Seguir-te para não mais me ter a mim como referência (a minha vidazinha, o meu conforto, a minha segurança) para viver com ousadia tudo o que o cuidado dos pobres e o cuidado da Terra me pedir (cf. Laudato si’, 139).

Domingo, 22 setembro

Mc 9, 30-37

Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos.

Porque será que na escola de Jesus é tudo ao contrário? Ouvimos tantas vezes que os últimos são os primeiros… e nunca mais nos convencemos. O que será preciso para levar a sério a “opção preferencial pelos pobres”? «Esta opção implica tirar as consequências do destino comum dos bens da terra» (Laudato si’, 158). Que podemos fazer então de concreto na nossa vida de todos os dias? Recordemo-nos de que «o amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as acções que procuram construir um mundo melhor» (Laudato si’, 231).

 

Domingo, 29 setembro

Mc 9, 38-43.45.47-48

Quem não é contra nós é por nós.

Vivemos juntos e tudo está interligado (cf. Laudato si’, 16). Já com o Concílio Vaticano II tínhamos aprendido que «pela fidelidade à consciência, os cristãos encontram-se unidos aos demais no dever de investigar a verdade» (Gaudium et spes, 16). Que nos falta ainda para nos libertarmos do vício de excluir os outros? «As convicções da fé oferecem aos cristãos – e, em parte, também a outros crentes – motivações altas para cuidar da natureza e dos irmãos e irmãs mais frágeis» (Laudato si’, 64). Vamos a isso!

 

Dia 4 outubro

Festa de S. Francisco de Assis

Mt 11, 25-30
Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos.

Concluímos hoje o Tempo da Criação deste ano. Mas isso não pode significar que agora diminua o nosso emprenho a este propósito!

O Papa Francisco afirma que «é muito nobre assumir o dever de cuidar da criação com pequenas acções diárias» (Laudato si’, 211) e dá vários exemplos de coisas muito simples que podemos assumir. A sugestão é vermos quais são e acrescentemos mais duas ou três que estejam à nossa mão: não nos esqueçamos de as levar à prática!  É que, logo no início do número seguinte, o Papa acrescenta: «E não se pense que estes esforços são incapazes de mudar o mundo» (Laudato si’, 212).

Neste dia, recordemos ainda que «a pobreza e a austeridade de São Francisco não eram simplesmente um ascetismo exterior, mas algo de mais radical: uma renúncia a fazer da realidade um mero objecto de uso e domínio» (Laudato si’, 11).

 

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