O Papa em junho chamou de novo a atenção para os migrantes e refugiados, alertando para os muros na terra que correspondam a muros no coração.

Thomas G.-Pixabay
No mês de junho 2024, o papa Francisco propôs que rezássemos pelos migrantes, pessoas que se vêem obrigadas a deixar a sua terra e o seu mundo, fugindo da guerra ou de condições adversas, e enfrentam perigos de toda a ordem, aspirando a encontrar condições para uma vida digna e com futuro.
Queridos irmãos e irmãs, desejo que neste mês rezemos pelos que fogem do seu país. Ao drama que vivem as pessoas forçadas a abandonar a sua terra, fugindo de guerras ou da pobreza, une-se tantas vezes o sentimento de desenraizamento, de não saber aonde se pertence. Além disso, em alguns países onde chegam, os migrantes são vistos com alarme, com medo. Aparece então o fantasma dos muros: muros na terra que separam as famílias e muros no coração. Nós cristãos não podemos partilhar esta mentalidade. Quem acolhe um migrante, acolhe Cristo. Devemos promover uma cultura social e política que proteja os direitos e a dignidade do migrante. Que o promova nas suas possibilidades de desenvolvimento. E que o integre.
Acolher, proteger, promover e integrar
Francisco tem repetidamente pedido que pratiquemos um acolhimento fraterno, tendo sempre presente que “quem acolhe um migrante, acolhe Cristo”. Como sugere a imagem acima, há que abrir a porta ou o gradeamento que constitua obstáculo à «abertura generosa» recomendada pelo Papa na exortação apostólica Evangelii Gaudium (2013):
Os migrantes colocam-me um desafio particular por ser Pastor de uma Igreja sem fronteiras que se sente mãe de todos. Por isso, exorto todos os países a uma abertura generosa que, em lugar de temer a perda da identidade local, seja capaz de criar novas formas de síntese cultural. (EG 210)
E, de novo, na última encíclica, Fratelli Tutti (2020), onde salientava
o direito que tem todo o ser humano de encontrar um lugar onde possa não apenas satisfazer as necessidades básicas dele e da sua família, mas também realizar-se plenamente como pessoa. Os nossos esforços a favor das pessoas migrantes que chegam podem resumir-se em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. (FT 129)
(ver mais: 7Margens; o vídeo do Papa)
Dia Mundial do Migrante e do Refugiado
Em 2024, o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado celebra-se a 29 de setembro e tem como tema para a nossa reflexão: Deus caminha com o seu povo.
Da mensagem do Papa para este dia, destacamos duas frases “carregadas” de sentido:
A ênfase posta na sua dimensão sinodal permite à Igreja descobrir a sua natureza itinerante de povo de Deus em caminho na história, peregrinante – poderíamos dizer «migrante» – rumo ao Reino dos Céus.
Deus caminha não só com o seu povo, mas também no seu povo, enquanto Se identifica com os homens e as mulheres que caminham na história – particularmente com os últimos, os pobres, os marginalizados –, prolongando de certo modo o mistério da Encarnação.