A  emergência climática «já é, e vai-se tornar ainda mais nos próximos anos, a questão política central da nossa época».

Esta afirmação é feita pelo sociólogo Michael Löwy, que defende o ecossocialismo, um “modelo de civilização baseado na justiça social, na igualdade, na democracia, na solidariedade e no respeito pela nossa Casa Comum”. Löwy, que é director de investigação no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), explica também porque não está ainda a catástrofe ambiental no centro das políticas das esquerdas.

Numa entrevista à IHU On-Line, o sociólogo situa a questão climática  no quadro político, em particular, das esquerdas, analisando como se enquadra a crise nas doutrinas políticas que aquelas seguem, por exemplo: «Durante muito tempo, em particular no decorrer do século XX, a esquerda apostava no “desenvolvimento das forças produtivas”, no produtivismo e no consumismo, considerando a questão ecológica como um detalhe, ou um assunto “pequeno-burguês”.»

Mais dois destaques de uma conversa amena que vale a pena ler, mesmo que discordando num ponto ou noutro, como é próprio na política:

“O mais importante actor social” que trata da crise climática na Europa é a “juventude, uma impressionante força que tem invadido as ruas e praças do continente”. O movimento da juventude, que é “simbolizado pela bela figura de Greta Thunberg, não é homogéneo politicamente, embora a sua tendência seja de radicalização. Os sectores mais conscientes do movimento reconhecem-se na palavra de ordem ‘Mudemos o sistema, não o clima!’. Trata-se, implicitamente, de uma perspectiva anticapitalista”, explica.

Michael Löwy reflecte sobre as vantagens do ecossocialismo e frisa que a Encíclica Laudato Si’ deveria ser lida pela esquerda: «A esquerda deveria ler este documento e inspirar-se no seu diagnóstico sobre a urgência de salvarmos a nossa Casa Comum, a Mãe Terra.»

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