Para esta Quaresma, propomos um caminho de conversão ecológica, em etapas semanais. E a mensagem do Papa também oferece grande inspiração.
Há que reconhecer que todos contribuímos para a crise ambiental e social que se vem agravando e que temos de contrariar os hábitos e os comportamentos destrutivos. Não podemos senão mobilizar-nos decididamente para deixar melhor o mundo que está ao alcance dos nossos esforços. E será que temos a noção de quanto podemos influenciar para melhor ou pior através das nossas escolhas?
A Coordenação da REDE trabalhou de novo com o grupo Cuidar da Casa Comum em Santa Isabel, e também com a Casa Velha, e preparámos um roteiro de caminho quaresmal: “PROCURAI E ARRISCAI” – uma proposta para CUIDAR da Casa Comum.
[Além do formato em A4 que se encontra através do link do título acima, disponibilizamos uma versão que permite imprimir um pequeno caderno A5, seleccionando a opção livreto ou brochura na impressora.]
Propomos um ritmo semanal de reflexão / acção, sugerindo um tema a partir das leituras de cada domingo da Quaresma, acompanhado de textos do Papa Francisco. Inclui igualmente algumas orações, pistas de reflexão e desafios concretos para viver ao longo desta Quaresma, num caminho para maior consciência da crise climática global e de conversão à ecologia integral.
“Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade”
A mensagem do Papa para a Quaresma, um texto denso e interpelativo, ajudará, sem dúvida, a aprofundarmos o sentido de responsabilidade e a vontade de mudança. Segundo Francisco, o apelo para a liberdade leva-nos por um percurso de amadurecimento, pois Deus educa o seu povo para que saia das suas escravidões. Não é algo abstracto e o primeiro passo é querer ver a realidade. O que suscita perguntas e observações muito sérias:
Também hoje o grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos chega ao céu. Perguntemo-nos: E chega também a nós? Mexe connosco? Comove-nos?
Perguntemo-nos: Desejo um mundo novo? E estou disposto a desligar-me dos compromissos com o velho?
aquilo que é preciso denunciar é um défice de esperança. Trata-se de um impedimento a sonhar, um grito mudo que chega ao céu e comove o coração de Deus.
[Não há modo de explicar] que uma humanidade que chegou ao limiar da fraternidade universal, e a níveis de progresso científico, técnico, cultural e jurídico capazes de garantir a todos a dignidade, tacteie ainda na escuridão das desigualdades e dos conflitos.
No tom paternal com que tantas vezes se dirige ao rebanho universal, o Papa deixa recomendações que exortam a que caminhemos, com esperança e compromisso, sem esquecer o caminho sinodal que vimos redescobrindo:
Na Quaresma, agir é também parar: parar em oração, para acolher a Palavra de Deus, e parar como o Samaritano em presença do irmão ferido. […] oração, esmola e jejum não são três exercícios independentes, mas um único movimento de abertura, de esvaziamento: lancemos fora os ídolos que nos tornam pesados, fora os apegos que nos aprisionam. Então o coração atrofiado e isolado despertará.
A forma sinodal da Igreja, que estamos a redescobrir e cultivar nestes anos, sugere que a Quaresma seja também tempo de decisões comunitárias, de pequenas e grandes opções contracorrente, capazes de modificar a vida quotidiana das pessoas e a vida de toda uma colectividade: os hábitos nas compras, o cuidado com a criação, a inclusão de quem não é visto ou é desprezado. Convido toda a comunidade cristã a fazer isto: oferecer aos seus fiéis momentos para repensarem os estilos de vida; reservar um tempo para verificarem a sua presença no território e o contributo que oferecem para o tornar melhor.
Boa caminhada!