Escrito por três professoras, recebeu o apoio de milhares de académicos, de 650 universidades. Não se fica indiferente. Terá a virtude de gerar debate, numa matéria tão decisiva.

 

Na sequência da pandemia, três professoras universitárias elaboraram uma reflexão sobre o trabalho e os efeitos das experiências vividas por causa da covid-19. O texto foi rapidamente difundido nos meios académicos e acabou por se transformar nun manifesto/apelo, intitulado “Democratizing work”. As autoras são Julie Battilana (Harvard, EUA), Dominique Méda (Paris-Dauphine, França) e Isabelle Ferreras (U. Católica de Louvain, Bélgica) e dos seus curricula fazem parte temas como organização do trabalho, emprego, ciências do trabalho.

O texto foi publicado por 41 jornais, em 25 línguas, e tem o apoio de 3000 docentes e investigadores de 650 universidades. Também existe versão em português do Brasil: “Trabalho: democratizar, desmercantilizar, remediar”, em pdf).

Duas ideias marcantes desenvolvidas logo à partida: (1) trabalhadores humanos são muito mais do que “recursos”; (2) o trabalho não pode ser reduzido a uma mera mercadoria. E, ao longo do texto, observando as circunstâncias inesperadas que a pandemia impôs, as autoras continuam a fazer uma leitura crítica do ambiente do trabalho. Tocam em pontos como relações laborais e empresariais muito diferentes, desigualdade de rendimentos, a contribuição das mulheres, a acumulação capitalista ou a destruição do meio ambiente. E são bem assertivas, como se vê nos dois excertos que se seguem:

«Eles [empregados, homens e mulheres] estão demonstrando, dia e noite, que trabalhadores não são um grupo de interesse qualquer: eles possuem as chaves do sucesso de seus empregadores. Eles são o núcleo constituinte da empresa, mas, no entanto, são os mais excluídos da participação das decisões de seus locais de trabalho – um direito monopolizado pelos investidores de capital.»

«Não podemos continuar nos enganando: se só depender deles, a maior parte dos investidores de capital continuarão não se importando com a dignidade daqueles e daquelas que investem sua força de trabalho; tampouco irão liderar a luta contra a catástrofe ambiental. Uma outra via é possível. Democratizar empresas; desmercantilizar relações de trabalho; e focarmo-nos, juntos, em regenerar o planeta.»

Mais informações aqui.

 

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