Neste momento de grande consternação, o papa Francisco convida-nos a fazer um Dia de jejum pela paz, a 2 de março, quarta-feira de Cinzas.

 

APELO

Tenho uma grande tristeza no coração pelo agravamento da situação na Ucrânia. Apesar dos esforços diplomáticos das últimas semanas, estão a abrir-se cenários cada vez mais alarmantes. Como eu, muitas pessoas em todo o mundo estão a sentir angústia e preocupação. Uma vez mais a paz de todos é ameaçada por interesses de uma parte. Gostaria de apelar a quantos têm responsabilidades políticas para que façam um sério exame de consciências perante Deus, que é o Deus da paz e não da guerra; que é o Pai de todos e não apenas de alguns, que quer que sejamos irmãos e não inimigos. Peço a todas as partes envolvidas para que se abstenham de qualquer acção que possa causar ainda mais sofrimento às populações, desestabilizando a convivência entre as nações e desacreditando o direito internacional.

E agora gostaria de apelar a todos, crentes e não crentes. Jesus ensinou-nos que à diabólica insensatez da violência se responde com as armas de Deus, com a oração e o jejum. Convido todos a fazer no próximo dia 2 de março, quarta-feira de Cinzas, um Dia de jejum pela paz. Encorajo de modo especial os crentes a que naquele dia se dediquem intensamente à oração e ao jejum. Que a Rainha da paz preserve o mundo da loucura da guerra.

[No final da Audiência do dia 23 fev.2022]

Vem também a propósito lembrar duas passagens do discurso que o Papa fez aos membros do corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé, em 10 de janeiro passado

Diálogo e fraternidade são os dois focos essenciais para superar as crises do momento presente. Todavia, «apesar dos múltiplos esforços visando um diálogo construtivo entre as nações, aumenta o ruído ensurdecedor de guerras e conflitos», e toda a comunidade internacional se deve interrogar sobre a urgência de encontrar soluções para conflitos intermináveis, que por vezes assumem a fisionomia de verdadeiras e próprias guerras por procuração (proxy wars).

Não devemos ter medo de abrir espaço para a paz na nossa vida, cultivando o diálogo e a fraternidade entre nós. A paz é um bem «contagioso», que se propaga a partir do coração de quantos a desejam e aspiram a vivê-la abraçando o mundo inteiro.

E aqui ficam ainda palavras inspiradoras de Sophia e dois cânticos de Taizé para animar momentos de oração.

 

A PAZ SEM VENCEDOR E SEM VENCIDOS

 

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

in Dual de Sophia de Mello Breyner Andresen

 

Os cânticos referidos podem-se escutar no Youtube

Da pacem cordium · Taizé

Da Pacem in diebus · Taizé

 

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