Num discurso em que nos convida a embarcar na viagem que é Portugal, Tolentino Mendonça exortou-nos a ser «cuidadores sensatos, praticando uma ética da criação».

 

Foto Arlindo HomemAE

É indiscutível que o cardeal José Tolentino Mendonça tem, como se costuma dizer, o dom da palavra. Neste 10 de Junho, na qualidade de presidente da comissão que preparou a comemoração do Dia de Portugal, proferiu um discurso – “O que é amar um país” – a todos os títulos notável e inspirador. Não faz sentido procurar termos adequados para tecer umas quaisquer considerações sobre a sua intervenção, antes disponibilizamos aqui o texto completo, para que cada um(a) se deixe tocar segundo a sua sensibilidade. Transcrevemos apenas um parágrafo, por razões que o subtítulo deixa claras:

Implementar um novo pacto ambiental

A pandemia veio, por fim, expor a urgência de um novo pacto ambiental. Hoje é impossível não ver a dimensão do problema ecológico e climático, que têm uma clara raiz sistémica. Não podemos continuar a chamar progresso àquilo que para as frágeis condições do planeta, ou para a existência dos outros seres vivos, tem sido uma evidente regressão. Num dos textos centrais deste século XXI, a Encíclica Laudato Si’, o Papa Francisco exorta a uma «ecologia integral», onde o presente e o futuro da nossa humanidade se pense a par do presente e do futuro da grande casa comum. Está tudo conectado. Precisamos de construir uma ecologia do mundo, onde em vez de senhores despóticos apareçamos como cuidadores sensatos, praticando uma ética da criação, que tenha expressão jurídica efetiva nos tratados transnacionais, mas também nos estilos de vida, nas escolhas e nas expressões mais domésticas do nosso quotidiano.

 

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