O Mensageiro de Santo António de Setembro dá destaque ao Tempo da Criação e para isso contou com a colaboração da REDE no caderno Especial.
O Mundo fica em silêncio,
uma das sete peças em ferro do conjunto escultórico da autoria de Rui Chafes.
Jardim da Sereia, Coimbra.
O último número da revista Mensageiro de Santo António, de Setembro 2022, centra-se no tema “Tempo de reconciliação e de cura” e destaca, no caderno Especial, o Tempo da Criação. Este caderno foi coordenado por Rita Veiga, contando com a colaboração de outros membros da REDE:
- Rita Veiga, da Comissão de Coordenação da REDE, lança um repto em “É hora de celebrarmos o Tempo da Criação”; o qual é complementado pelos outros autores;
- Francisco Ferreira, presidente da ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável,em “A emergência da mudança pela sustentabilidade”;
- Lisandra Rodrigues, da Associação Santa Teresa de Jesus – Dignidade e Desenvolvimento, em “Oficina de Costura. Que sustentabilidade(s)?”;
- e Marcial Felgueiras, diretor executivo de A Rocha, em “Paisagens do nosso contentamento?…”.
Eis alguns destaques:
“Cuidar” é a palavra-chave para nos predispor a sermos actores das mudanças que se impõem, e com crescente urgência. Basta de conversa e de ecologia cosmética, que facilmente se tornam álibis para ficarmos no nosso comodismo. R.V.
Existimos num planeta que nos proporciona condições extraordinárias para sermos quem somos e podermos explorar todo o nosso potencial. Contudo, a relação que estabelecemos com a base que permite a nossa existência é tudo menos a que deveria ser. F.F.
Desde 1970, o uso de recursos naturais mais do que triplicou e continua a crescer e os seus benefícios são distribuídos de forma desigual entre países e regiões. F.F.
A mudança é urgente e não é suficiente fazer mais do mesmo. F.F.
[…] prioridade a uma Economia do Bem-Estar – uma economia ao serviço das pessoas e das comunidades, potenciando uma atividade económica que maximiza os impactes positivos e minimiza os negativos, sempre com respeito pelos limites do planeta. F.F.
[…] uma Oficina de Costura, numa lógica de intervenção comunitária assente em três pilares essenciais: a sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade económica e a sustentabilidade social. L.R.
O ambiente sofre devido ao nosso modelo de consumo. […] O modelo de compra, venda, uso e descarte precisa de alternativas e, aí, a economia circular, aliada à economia solidária e à economia local, faz todo o sentido. L.R.
A exigência ética de preferência e acompanhamento dos mais pobres e excluídos levará naturalmente a trocar a cultura corrente do descarte, inclusive de pessoas, pela atitude de reparação e de cuidado como primeira opção. L.R.
A realidade, porém, aponta para a necessidade de uma limpeza geral e completa, que deixará os campos num deserto de vegetação e consequentemente de vida natural. M.F.
Como tomar esta mistura inflamável e garantir uma boa gestão florestal, com retorno financeiro, salvaguarda de vidas e bens e proteção e incremento da biodiversidade? Não há uma solução fácil, não, e é essencial um ingrediente que parece cada vez mais escasso: solidariedade! M.F.
Vale a pena conhecer o programa do Fundo Ambiental chamado Condomínio de Aldeia. Este visa a reconversão de territórios como matos ou floresta para outros usos, segundo parâmetros definidos e com objetivos de longo alcance. […] É também uma oportunidade para as comunidades se unirem em volta de um projeto comum. M.F.
Juan Ambrosio, por sua vez, na mesma revista, aborda o tema do Tempo da Criação por outro ângulo: “Responder à voz da criação”.
A nossa incapacidade para escutar essa voz conduziu-nos à situação em que ns encontramos.
Escutar o grito da terra e o grito dos pobres é uma obrigação e exigência para aqueles que se dizem discípulos de Cristo.
O tempo que vivemos tem de ser já o tempo da resposta. Não basta perceber a necessidade da mudança. É urgente concretizá-la. Em certo sentido, a verdade da escuta pode ser aferida pela ousadia da resposta.