É indispensável «valorizar o pobre na sua bondade própria, com a sua forma de ser, com a sua cultura, com o seu modo de viver a fé».

Por ocasião do 50.º aniversário do Secretariado para a Justiça Social e Ecologia, dos jesuítas, o Papa recebeu os participantes no congresso comemorativo. Francisco recomendou atenção especial aos pobres e descartados, lembrando que o P. Pedro Arrupe, fundador daquele Secretariado, «considerava que o serviço da fé e a promoção da Justiça não podiam separar-se».

É indispensável «valorizar o pobre na sua bondade própria, com a sua forma de ser, com a sua cultura, com o seu modo de viver a fé» (Evangelii gaudium, 199). E reconhecer «o dom de encontrar-se com Ele entre as vítimas e os empobrecidos».

O Papa olha o mundo com preocupação e exprime-o sem rebuço, considerando que há uma guerra fragmentada, com crimes, massacres, destruições; e «abundam as expressões de xenofobia e a busca egoísta do interesse nacional, a desigualdade entre países e no interior dos mesmos cresce sem que se encontre remédio». «Nunca maltratámos e ferimos a nossa casa comum como nos últimos dois séculos» (Laudato si’, 53). Não admira que, mais uma vez, «a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afectem de modo especial os mais frágeis do planeta» (ibid., 48)

Seguem-se algumas recomendações muito incisivas para quem pense em ecologia integral e cuidado da criação inteira.

  • «Hoje também é preciso reflectir sobre as realidades do mundo, para denunciar os seus males, para descobrir as melhores respostas, para gerar a criatividade apostólica.»
  • É preciso a «transformação do nosso olhar colectivo».
  • «Os males sociais enquistam-se, com frequência, nas estruturas de uma sociedade […]. Daí a importância do trabalho lento de transformação das estruturas, por meio da participação no debate público, ali onde se tomam as decisões que afectam a vida dos últimos.»
  • «A verdadeira globalização deve ser poliédrica, unir-nos, mas mantendo cada um a sua peculiaridade própria.»
  • «Na dor dos nossos irmãos e da nossa casa comum ameaçada é necessário contemplar o mistério do crucificado.»
  • «os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, podem e fazem muito… Quando os pobres se organizam convertem-se em autênticos “poetas sociais”» (Encontro com os movimentos populares na Bolívia, Santa Cruz de la Sierra, 9 julho 2015).
  • «Por favor, abram futuro […] suscitem possibilidades, gerem alternativas, ajudem a pensar e a actuar de um modo diferente.»
  • «Cuidem da vossa relação diária com o Cristo ressuscitado e glorioso e sejam obreiros da caridade e semeadores de esperança. Caminhem cantando e chorando, que as lutas e preocupações pela vida dos últimos e pela criação ameaçada não lhes tirem o gozo da esperança» (cf. Laudato si’, 244).

O texto integral, em espanhol, encontra-se aqui.

 

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