No Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação o Papa convida a repensarmos a nossa maneira de habitar a Terra e de conviver com os outros, com quem a partilhamos.

 

O tema escolhido este ano para o Tempo da Criação é “Jubileu pela Terra”, atendendo a que se completam 50 anos desde o primeiro Dia da Terra. Como nos lembra Francisco, «na Sagrada Escritura, o jubileu é um tempo sagrado para recordar, regressar, repousar, restaurar e rejubilar». A cada uma destas palavras, o Papa atribui um sentido denso, traçando um quadro alargado do tempo presente, em que nos confrontamos com a pandemia da covid-19.

Ao longo da sua mensagem, convida-nos a «recordar a vocação primordial da criação: ser e prosperar como comunidade de amor». Lembra-nos a seguir que devemos regressar ao plano do Criador e ver «a criação como uma herança comum, um banquete que deve ser partilhado com todos», procurando as formas de libertar os oprimidos e as vítimas das modernas formas de escravidão. É bom reaprender, com a oração e a meditação, a contemplar e a maravilhar-nos, como ainda sabem fazer, em particular, os povos indígenas.

A ideia de repousar aplica-se tanto à Terra, cujos ritmos devem ser respeitados para que se vá regenerando, como às pessoas, que têm de encontrar estilos de vida, mais «justos e sustentáveis». A pandemia veio situar-nos numa encruzilhada, um momento decisivo para nos desprendermos do que não é necessário ou é exagerado, optando antes por «cultivar valores, vínculos e projetos criadores».

A 4.ª recomendação é de restaurar «relações sociais equitativas», uma «justiça reparadora»: não se pode esquecer quanto o Sul tem sido explorado para enriquecer os países mais desenvolvidos, o que fundamenta o apelo de Francisco «para se cancelar a dívida dos países mais frágeis», sobretudo atendendo ao impacto arrasador da pandemia. O Papa manifesta ainda uma preocupação muito especial respeitante aos povos indígenas, que sofrem tantas ameaças devido à ganância e falta de escrúpulos de alguns. O equilíbrio climático requer medidas urgentes, para metas ambiciosas que os países devem adoptar antes da cimeira COP 26, em Glasgow. Pela biodiversidade, para suster a extinção de espécies e a degradação dos ecossistemas, a ONU e Francisco defendem «preservar 30% da Terra como habitat protegido até 2030».

Francisco rejubila com a mobilização de tanta gente que está «a empenhar-se generosamente em prol da proteção da terra e dos pobres», procurando «um novo começo, cientes de que “as coisas podem mudar” (LS, 13)». E o Papa deseja que o Ano Laudato Si’ leve a «planos operacionais de longo prazo» para se alcançar uma ecologia integral nos diferentes espaços e comunidades humanas.

«É motivo de particular alegria que o Tempo da Criação se esteja a tornar uma iniciativa verdadeiramente ecuménica», diz ainda o Papa,  já que «todos moramos numa casa comum enquanto membros da mesma família».

Termina com palavras de ânimo, pois é o próprio Criador que apoia os nossos esforços em prol da Terra e o Espírito Santo renova esta casa de Deus sem cessar.

 

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