Francisco enviou uma mensagem ao Fórum Económico Mundial, reunido em Davos, na Suíça, de 21 a 24 de Janeiro 2020. 

 

O Papa pede um empenhamento efectivo pela ecologia integral e inclusiva. Ao longo dos anos, salienta Francisco, depois de se congratular pelo 50.º aniversário desta cimeira, o Fórum Económico Mundial criou «oportunidade para diversos intervenientes explorarem modos inovadores e efectivos de construir um mundo melhor».

 

E continua:

À luz dos desafios sempre crescentes e interligados que afectam o nosso mundo (cf. Laudato Si’, 138 ss.) o tema que escolheram para este ano – Intervenientes para um mundo coeso e sustentável – aponta para a necessidade de um maior compromisso a todos os níveis de modo a tratar de modo mais efectivo as diferentes questões que a humanidade defronta. Ao longo das últimas cinco décadas, assistimos a transformações geopolíticas e mudanças significativas, da economia e mercados de trabalho à tecnologia digital e o ambiente. Muitos destes desenvolvimentos beneficiaram a humanidade, enquanto outros tiverama efeitos adversos e criaram lacunas de desenvolvimento. Ainda que os desafios de hoje não sejam os mesmos de há meio século, vários aspectos continuam a ser relevantes no princípio da nova década.

A consideração mais importante, que nunca deve ser esquecida, é que somos todos membros de uma única família humana. A obrigação moral de cuidarmos uns dos outros deriva deste facto, tal como o princípio correlativo de colocar a pessoa humana, mais do que o mero fito de poder ou de lucro, bem no centro das políticas públicas. Este dever, além do mais, incumbe do mesmo modo aos sectores empresariais e aos governos e é indispensável na procura de soluções equitativas para os desafios que enfrentamos. Consequentemente, é necessário ir além das abordagens tecnológicas ou económicas de curto prazo e prestar toda a atenção à dimensão ética, ao procurar soluções para problemas do presente ou ao propor iniciativas para o futuro.

Demasiadas vezes, visões materialistas ou utilitárias, umas vezes ocultas, outras alardeadas, conduzem a práticas e estruturas amplamente, se não unicamente, motivadas por interesse próprio. Esta atitude tipicamente considera os outros como um meio para atingir um fim e traz consigo falta de solidariedade e de caridade, o que, por seu turno, dá origem a verdadeira injustiça, quando um desenvolvimento humano verdadeiramente integral só pode florescer se todos os membros da famíla humana estiverem incluídos e contribuírem para perseguir o bem comum. Ao procurar progresso genuíno, não nos esqueçamos de que atropelar a dignidade de outra pessoa é, de facto, diminuir o nosso próprio valor.

Mais adiante , Francisco lembra que, já na Laudato Si’, chamou a atenção para «a importância de uma ecologia integral, que tome em consideração todas as implicações da complexidade e das interligações da nossa casa comum».

Sublinha ainda a «grande responsabilidade moral que cabe a cada um de nós de procurar o desenvolvimento integral de todos os irmãos e irmãs, incluindo os das gerações futuras».

[Sublinhados nossos. Mensagem integral, em inglês, aqui.]

 

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