Se os bons exemplos se tornarem contagiosos, quem dera que provoquem uma epidemia.
Campo, horta e floresta na cidade
Bela Flor Respira é o nome de um projecto desenvolvido em Campolide, Lisboa, e é uma história que dá gosto conhecer. Foi em 2018 que «Cátia Godinho, especialista em economia circular, propôs à Junta de Freguesia de Campolide, um projecto de agrofloresta comunitária seguindo os princípios da agricultura regenerativa, para revalorizar baldios no bairro municipal da Bela Flor». A Junta gostou da ideia e conseguiram um financiamento da Câmara Municipal de Lisboa.
Este projecto tem uma dimensão social relevante, como se explicava num artigo do 7Margens: «aproximou mais de 400 pessoas do bairro, tirou os mais idosos do seu isolamento e tem permitido aos mais jovens o contacto com a produção de alimentos em atividades ao ar livre. A dinâmica gerada tem promovido a interação entre diferentes gerações e entre diferentes classes sociais, a integração de estrangeiros a viver em Portugal, e a criação de uma rede social diversa e inclusiva».
Para conhecer melhor esta iniciativa há que visitar o seu site e percorrer a página do Facebook onde é patente a mobilização e empenho de moradores e voluntários da Quinta da Bela Flor.
A horta “laudato si’” do bispo do Algarve
D. Manuel Quintas plantou, atrás do Paço Episcopal de Faro, uma horta a que deu o nome da encíclica. A Ecclesia foi conhecer esse oásis e conversou com o bispo que levou até ao Sul as suas raízes de agricultor do Nordeste transmontano.
Pode-se ler aqui a notícia (e ver pequenos vídeos) e ouvir aqui a entrevista (gravação áudio) feita por ocasião do fim do Ano Laudato Si’, para perceber como a ecologia integral começa na atitude, que leva a práticas concretas que dão frutos, que alimentam o corpo e o espírito.
Aulas com terra
No colégio dos Maristas de Carcavelos, há aulas no espaço da quinta, onde as crianças vão sujar as mãos na terra, brincando e aprendendo. Aprendem a cuidar, mesmo do que não é delas, plantam, regam e acompanham o crescimento de alguns vegetais e animais e compreendem melhor noções como meio ambiente e bem comum, por exemplo.
«Não vão sair daqui, provavelmente, muitos agricultores, mas pessoas mais conscientes e com competências humanas acima da média, acreditamos nós», explicou o professor de uma turma.
Para conhecer melhor esta experiência, clique para (1) a notícia da Ecclesia, com (2) gravação áudio da conversa com o professor, Bruno Reis, e veja (3) o vídeo com as crianças na quinta.
«Estamos a caminho!»
Com esta exclamação, o padre José Carlos Belchior, S.J. conclui a descrição de algumas iniciativas assumidas pelos membros da Comunidade do Noviciado, em Coimbra. Aqui fica o testemunho, para inspirar outr@s que queiram seguir-lhes os passos.
ECOLOGIA EM COMUNIDADE
Aproveitando a mudança de residência de Cernache para o Loreto – Coimbra, a Comunidade do Noviciado dos jesuítas propôs-se viver uma vida mais simples e mais inserida na cidade e no bairro em que se situa, procurando ter iniciativas que vão ao encontro da Encíclica “Laudato Si”. Assim, em colaboração com um casal vizinho a quem cedemos uma parcela de terreno, criou-se uma pequena horta como ajuda à alimentação. A partir de então tem-se feito a compostagem dos detritos de origem vegetal que servem de fertilizante da horta. O arranjo da quinta (pomar, bosque e jardim) requer mão-de-obra, pelo que já por três vezes toda a comunidade dedicou um dia aos trabalhos agrícolas: limpeza do bosque, corte de árvores caídas para lenha que alimenta o aquecimento da casa, aparar as sebes, limpeza dos caminhos e recintos, etc.; semanalmente, alguns membros da comunidade dedicam uma manhã ou uma tarde a estes trabalhos. Menos conseguido tem sido a menor utilização dos carros, embora alguns, sempre que possível, procurem viajar em transportes públicos ou aproveitar boleias. Para breve, está decidido colocar painéis fotovoltaicos. O Provincial, P. Miguel Almeida, como resultado da Visita que acaba de nos fazer, lança-nos desafios que nos levam mais longe. No entanto, ainda não há uma verdadeira conversão ecológica; não basta a concretização destas iniciativas, é necessário que um novo estilo de vida simples encarne na vida pessoal e comunitária. É, pois, um processo. Estamos a caminho!