«Tudo indica que os anos futuros vão trazer mais do mesmo ou pior, porque as causas do problema não estão a ser eliminadas», afirma Filipe Duarte Santos.
Este especialista em ambiente e alterações climáticas, falou há dias ao Expresso (3ago2018), mostrando como é séria a situação actual, agravada pela pouca eficácia do pouco que se tem feito. Referiu o aquecimento global, o aumento da intensidade e frequência de fenómenos meteorológicos extremos e a subida do nível médio do mar como os aspectos que trazem mais danos e explicou como se verifica a retroacção positiva ‒ dado que os efeitos das alterações climáticas reforçam as suas causas.
Na Península Ibérica é de prever mais ocorrência de secas, a par com a diminuição da pluviosidade média, que tem vindo a baixar nas últimas décadas. Há razões fundamentadas para grande preocupação em matéria de recursos hídricos.
Sem eufemismos, Filipe Duarte Santos diz que a dependência que persiste dos combustíveis fósseis ‒ para cerca de 80% das fontes primárias de energia ‒, apesar de algumas políticas no bom sentido, são resultado dos interesses poderosos que estão por trás desse sector económico. Para este cientista, «nada de novo»: dois traços do Homo sapiens, diz, o egoísmo e a ganância, sobrepõem-se a quaisquer preocupações com as alterações climáticas.
Mas termina lembrando que «cada um de nós pode e deve contribuir para a transição energética e ser solidário com aqueles que vivem nos países mais vulneráveis às alterações climáticas», porque é inevitável e «teremos de nos adaptar a um clima mais quente, seco e violento».