Veio actualizar a encíclica Laudato Si’ e, juntamente com o seu discurso à COP 28, é um grito de alerta do Papa para o estado do mundo e os desastres a evitar sem demora.

 

Este novo documento do Papa mostra a sua preocupação, mas também a decepção, perante a morosidade das respostas que urge pôr em prática a fim de travar ou minorar os efeitos mais graves das alterações climáticas. E de novo salienta os aspectos mais gritantes das desigualdades e injustiças que persistem ou até se agravam no seio da grande família humana. Mas destaca-se em especial o forte apelo à COP 28, que se realizou entretanto no Dubai na primeira quinzena de Dezembro, para que cheguem a compromissos.

Uma das questões em que Francisco se detém é a do multilateralismo e da falta de organizações mundiais «eficazes, dotadas de autoridade para assegurar o bem comum mundial, a erradicação da fome e da miséria e a justa defesa dos direitos humanos fundamentais». É importante, diz, «que a ética prevaleça sobre os interesses locais ou contingentes».

Refere também, em particular, os chamados “activistas climáticos”  e, em vez de os condenar liminarmente, como tantos fazem, lembra que «na realidade eles preenchem um vazio da sociedade inteira que deveria exercer uma sã pressão, pois cabe a cada família pensar que está em jogo o futuro dos seus filhos».

Esta Exortação Apostólica (LD) que não é muito extensa, está disponível aqui.

O Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral explica as linhas principais da Laudate Deum e difundiu um vídeo quando do seu lançamento.

O Sete Margens publicou uma série de pequenos artigos de opinião sobre a LD, que destacam diferentes pontos da reflexão e dos apelos de Francisco.

 

Discurso do Papa à COP 28 no Dubai, dez.2023

Apesar de o Papa, por motivos de saúde, não ter podido deslocar-se ao Dubai, o seu discurso foi lido perante a assembleia ali reunida.

O Papa Francisco começou de modo muito certeiro: «agora mais do que nunca, o futuro de todos depende do presente que escolhermos». As alterações climáticas são «um problema social global que está intimamente ligado à dignidade da vida humana» (LD 3) E fez um apelo: «Escolhamos o futuro!»

A actividade humana entrou numa «exploração desenfreada» da natureza e tornou-se  insustentável para o ecossistema. Por isso, Francisco adverte que o único caminho para uma vida em plenitude depende de reconhecermos, com humildade e coragem, que temos de ter limites.

A seguir, o Papa recorda uma observação expressa na  Laudato si’  (LS, 169) sobre as negociações internacionais que não avançam «significativamente por causa das posições dos países que privilegiam os seus interesses nacionais acima do bem comum global». Isto enquanto aumenta o fosso abissal entre os poucos abastados e as multidões na pobreza. O multilateralismo, como naquela cimeira, não pode apenas procurar equilíbrios de poder, tem de se «estabelecer regras universais e eficazes» (LD, 42) –  é preocupante que o aquecimento da terra seja acompanhado por um «arrefecimento geral do multilateralismo» e por uma «crescente desconfiança na comunidade internacional», faz notar Francisco. Para fazer avançar sem demora a transição ecológica, é necessário estabelecer vias que sejam «eficientes, vinculativas e facilmente monitorizáveis» (LD 59).

A mensagem, com vários outros pontos de reflexão, pode ser lida na íntegra aqui.

 

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