Esta expressão do Papa, carregada de sentido, foi repetida por Guilherme d’Oliveira Martins, no 7Margens (23jul2019), num texto que recomendamos.
A propósito da convocatória do Papa para o encontro “Economia de Francisco”, que se vai realizar em Assis em Março do próximo ano, Guilherme d’Oliveira Martins escreveu no 7Margens sobre “O sonho de um novo humanismo…”. Mas não é para ficar na ordem dos sonhos, porque não vamos conformar-nos. G.O.M. aponta alguns dos contra-sensos gritantes do modelo económico prevalecente para lhes contrapor os valores que enformam as linhas de orientação enunciadas pelo Papa com vista a “um ‘pacto’ para mudar a economia actual e atribuir uma alma à economia de amanhã”.
Como criar valor e aproveitar melhor os recursos disponíveis? Como evitar a destruição irreversível do planeta? Como pôr um travão no endividamento? Como gerar poupança para o investimento reprodutivo? Como recusar a solução de pôr dinheiro em cima dos problemas da sociedade? E assim o Papa Francisco fala de um “pacto comum”, “um processo de mudança global que veja, em comunhão de propósitos não só quantos têm o dom da fé, mas, todos, mulheres e homens de boa vontade, para além das diferenças de credo e de nacionalidade, unidos por um ideal de fraternidade, atento sobretudo aos pobres e aos excluídos”. Eis que somos convocados e convidados a ser protagonistas de um novo pacto, “assumindo a tarefa de um compromisso individual e coletivo para cultivarmos juntos o sonho de um novo humanismo que responda às expectativas do ser humano e do desígnio de Deus”.
Em Assis, o Papa pretende refletir e dialogar sobre uma economia que ponha as pessoas no centro. Assim, as instituições, os corpos intermédios devem tornar-se mediadores de justiça, “estaleiros de esperança”, de modo a criar valores humanos, a combater a “cultura do descartável”, de modo a dar voz a quem não a tem e a desenvolver novos estilos de vida. Muitos usam a palavra “sustentável”. Não basta, é preciso que não gastemos os recursos que temos sem pensar na responsabilidade que temos no tocante à justiça distributiva – horizontal, no tocante a uma partilha entre contemporâneos, mas também vertical, a pensarmos nos que ainda estão para nascer.