Faz em breve cinco anos que fomos chamados a cuidar da casa comum. Porque não é desenvolvimento o que exclui outros, destrói a biodiversidade e ecossistemas e degrada o ambiente.

 

A encíclica Laudato Si’,sobre o cuidado da casa comum, deixa um alerta vigoroso para problemas e consequências, que não páram de se agravar. Insiste uma vez e outra na responsabilidade que toca a todos relativamente aos pobres, que são as maiores vítimas, que pagam um preço elevadíssimo, apesar de serem dos que menos contribuem para o descalabro. Apresenta de forma clara as noções de ecologia integral e de conversão ecológica e as suas implicações.

 

Em torno de “ecologia integral”…

Esta ideia dá mesmo título ao capítulo IV. Partindo da noção de que «tudo está interligado» (138), o Papa fala de ecologia ambiental, económica e social; de ecologia cultural; de ecologia da vida quotidiana.

O princípio do bem comum, de onde deriva a ética social (156): «o princípio do bem comum torna-se imediatamente, como consequência lógica e inevitável, um apelo à solidariedade e uma opção preferencial pelos mais pobres. Esta opção implica tirar as consequências do destino comum dos bens da terra» (158).

Justiça intergeracional: «a terra que recebemos pertence também àqueles que hão-de vir» (159). Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer? (160)

… e de “conversão ecológica”

Se nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existe, então brotarão de modo espontâneo a sobriedade e a solicitude (11). «A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo» (23).

«Antes de tudo é a humanidade que precisa de mudar. Falta a consciência duma origem comum, duma recíproca pertença e dum futuro partilhado por todos» (202).

«Uma mudança nos estilos de vida poderia chegar a exercer uma pressão salutar sobre quantos detêm o poder político, económico e social» (206).

«A crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior» a uma «conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. (217).

A conversão ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança duradoura, é também uma conversão comunitária (219).

Esta conversão comporta várias atitudes: implica gratidão e gratuidade; consequentemente provoca disposições gratuitas de renúncia e gestos generosos; consciência amorosa de não estar separado das outras criaturas; leva a desenvolver a criatividade e entusiasmo para resolver os dramas do mundo; responsabilidade derivada da sua fé (cf. 220).

Para isso contam também as convicções da fé: que cada criatura reflecte algo de Deus e tem uma mensagem para nos transmitir; que Cristo assumiu em Si mesmo este mundo material e agora, ressuscitado, habita no íntimo de cada ser; que Deus criou o mundo, inscrevendo nele uma ordem e um dinamismo que o ser humano não tem o direito de ignorar (cf. 221).

 

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