Em cada Advento, somos convidados a construir, no nosso coração, o presépio para acolher o Deus Menino que vem até nós. O caminho proposto nesse sentido tem muitas afinidades com um percurso de conversão a uma ecologia integral e, assim, nas próximas semanas partilharemos aqui algumas reflexões que se inspiram tanto na Laudato Si’, como nas leituras da liturgia dominical deste tempo de espera e noutros textos que “seguem a estrela de Belém”.

Logo no princípio da encíclica, o papa Francisco deixa uma exortação imbuída de esperança: «Sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projecto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum» (LS 13). Há dois mil anos que celebramos a manifestação concreta dessa garantia que Francisco nos dá: Jesus veio assumir a nossa humanidade e com Ele inicia-se uma nova criação – «Este é o desígnio que Deus Pai, Filho e Espírito Santo, desde sempre, deseja realizar e já está a concretizar» (cf. Audiência de 26nov2014).

Neste caminho para acolher o Menino, a quem chamamos também “príncipe da paz”, lembramos as palavras do papa Francisco em Amã (Jordânia, 24maio2014): «A paz não se pode comprar, não está à venda. A paz é um dom que se deve buscar pacientemente e construir “artesanalmente” através dos pequenos e grandes gestos que formam a nossa vida diária.» É a plenitude para toda a criação que buscamos na ecologia integral e, neste tempo em especial, movidos pela certeza de que “uma estrela nos guiará”.

O Natal não é ornamento: é movimento

Teremos sempre de caminhar para o encontrar!

Entre a noite e o dia

Entre a tarefa e o dom

Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo

Entre a palavra e o silêncio que buscamos

Uma estrela nos guiará

[José Tolentino Mendonça, “O Natal não é ornamento”]

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