Depois do Tempo da Criação, ficaram algumas reflexões de membros da Comissão Coordenadora da REDE em artigos e entrevistas que reunimos aqui.

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Logo em Julho, antecipando esse tempo forte do Tempo da Criação, Adelaide Theotónio, escreveu sobre o tema deste ano na Mesa Redonda ‒ Missão «onlife», publicação on line, dos Padres Vicentinos. E o título é decalcado do tema “Que a justiça e a paz fluam”.
A autora salienta o convite a todos para integrarem a torrente que procura mais justiça e paz e lembra a Laudato Si’ que termina exortando a mantermos a esperança, apesar das agruras: «Somos assim todos convidados a juntar-nos ao rio da justiça e da paz no abraço de Deus com toda a Sua Criação.»
Por sua vez, João Luís Fontes, em entrevista à Agência Ecclesia, afirmava que «a ecologia integral veio para ficar», por isso o papa Francisco deu continuação à encíclica Laudato Si’.
«O Papa assumiu claramente o assunto como premente, no modo como vivemos a nossa fé como cristãos e como por isso nos relacionamos uns com os outros e com o mundo. No fundo, como construímos um mundo mais fraterno. E, desde logo, pondo a acentuação de que a ecologia não é apenas a relação com a natureza, mas que é preciso escutar os dois gritos: o grito da terra e o grito dos pobres.»
Ainda a assinalar o Tempo da Criação, a Ecclesia conversou com Rita Veiga e Juan Ambrosio. A entrevista foi difundida no programa Ecclesia da RTP2 no dia 04 setembro 2023. O vídeo do programa pode ser visto no youtube (aqui) e a notícia sobre a conversa encontra-se aqui
Continuando a colaboraçao da REDE com os Padres Vicentinos, em Setembro foi a vez de Diogo Assunção afirmar e trocar por miúdos que a casa comum foi criada sem “divisões” ou fronteiras. Por isso, declara: «Se o progresso – social, económico, tecnológico – é fundamental, o progresso à custa do sacrifício de outros “meus irmãos” não é legítimo.» E aponta comportamentos a adoptar por todos, que são passos concretos para a ecologia integral, que reconhece a interligação de todos os aspetos relevantes da vida na Terra. Sublinha igualmente que temos responsabilidade de proteger a casa comum para as gerações futuras, consumindo de forma mais responsável, evitando o desperdício de recursos, denunciando e não compactuando e acolhendo os irmãos.
A terminar, ficam também umas palavras de Tomáš Halik que ajudam a pôr as coisas em perspectiva, como se diz em inglês, para as ver de um ângulo mais abrangente e esclarecedor:
- O homem não professa a fé no Criador pelo que pensa sobre a origem do mundo, mas pelo modo com trata a natureza. E professa a fé no Pai comum aceitando os outros como seus irmãos e irmãs, e a fé na vida eterna aceitando a sua própria finitude (p. 36).
- A humanidade participa na criação da História e do seu ambiente, a Natureza, não apenas pelas suas actividades e pelo seu poder – amplificado pelas fascinantes possibilidades da ciência e da tecnologia –, mas também pela sua abordagem contemplativa da vida e pela sua abertura ao mistério do absoluto (p. 52).
- Quando uma abordagem técnica e manipuladora do mundo não é temperada por um olhar contemplativo, o mundo humano encontra-se ameaçado (p. 52).
(Tomáš Halik, A Tarde do Cristianismo, Ed. Paulinas 2022)