Este o ano o Dia Mundial do Ambiente, que tem como tema “Restauro dos Ecossistemas”, inaugura a Década das Nações Unidas do Restauro de Ecossistemas.
Esta recuperação dos ecossistemas inscreve-se, segundo as Nações Unidas, na campanha “Reimaginar, Recriar e Restaurar”. É preciso «consciencializar governos, empresas e sociedade civil na importância da recuperação de ecossistemas que tenham sido degradados ou destruídos, bem como na necessidade de conservação daqueles que ainda estão intactos» (ver mais aqui). As alterações climáticas estão a agravar-se, mas ainda é possível – não por muito mais tempo, é certo – travar o processo de destruição das condições de vida na Terra.
Cabe às gerações mais novas o protagonismo da mudança, elas serão decisivas. O secretário-geral da ONU afirmou há dias, numa entrevista à revista espanhola XL Semanal: «A minha geração fracassou na questão climática.» Mas António Guterres acredita que os jovens se vão mobilizar e exigir as decisões que protejam o planeta.
O papa Francisco enviou uma mensagem para a cerimónia de inauguração da década, que foi lida pelo cardeal Parolin numa gravação em vídeo. Lembrou, como na Laudato Si’: «Tudo está interligado. Por isso, exige-se uma preocupação pelo meio ambiente, unida ao amor sincero pelos seres humanos e a um compromisso constante com os problemas da sociedade» (91). Recomendou atenção especial aos mais vulneráveis. O tempo presente mostra efeitos trágicos de um sistema económico, mas, «no entanto há esperança», diz Francisco, pois temos meios para investir noutro tipo de progresso.
A década agora inaugurada é o tempo de restaurar os ecossistemas e a relação dos seres humanos com a natureza. E conclui:
Restaurar a natureza que danificamos significa, em primeiro lugar, restaurar-nos a nós mesmos. Ao darmos as boas-vindas a esta Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas, sejamos compassivos, criativos e corajosos. Que possamos ocupar o nosso devido lugar como a geração da restauração.
A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável assinalou este dia oferecendo “lembranças” a membros do Governo para os incentivar a mais acção em prol da sustentabilidade (mais pormenores aqui).
Em Portugal, pese embora se encontrem um curso alguns investimentos pontuais nas áreas classificadas com vista à recuperação de habitats, a política pública tem sido marcada pela inoperância na fiscalização e regulação das atividades económicas suscetíveis de degradarem ou destruírem os ecossistemas por parte dos serviços do Estado. Exemplos desta voragem são uma agricultura industrial que não é compatível com a manutenção da biodiversidade, o recrudescimento de projetos imobiliário-turísticos junto à faixa costeira ou a instalação de vastas áreas de equipamento de produção de energia renovável, sendo que nos dois primeiros exemplos, nem a Rede Natura 2000 parece estar a salvo.
“Do ambiente devem ser todos os dias” é o título do artigo de Rita Veiga publicado na revista Fátima Missionária de Junho 2021.